VII SEMINÁRIO SOBRE QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA

No Dia do Professor, 15 de outubro, a Academia de Educação de Feira de Santana realizou o VII Seminário sobre Qualidade da Educação Básica, tendo como tema "O novo PNE - Plano Nacional de Educação).

Mais de cem participantes, dentre eles alunos e professores dos mais diversos estabelecimentos de ensino, tiveram a oportunidade de ouvir reflexões ricas e pertinentes sobre as perspectivas para a educação brasileira nos próximos dez anos, à luz das metas definidas pelo PNE.

Como expositores o Professor Fernando Alcoforado, Doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, além de uma vasta experiência como Professor de cursos de Pós-Graduação e consultor de organismos públicos e privados nacionais e internacionais nas mais diversas áreas do planejamento. Dentre as várias atuações, é membro da Academia Baiana de Educação.

Também a Professora Amali Angelis Mussi, doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com uma vasta experiência na Educação Infantil e Ensino Fundamental, na docência do Ensino Superior e na Gestão Acadêmica, em cursos de graduação e pós-graduação. Atualmente é docente da UEFS, Coordenadora do Colegiado do Curso de Pedagogia.

Antes de iniciar os trabalhos o Professor Custódio apresentou alguns números de poesia e música para homenagear o Professor pelo seu dia.

A sessão foi presidida pelo Vice-Presidente da Academia de Educação, Dr. Geraldo Leite, em face a impossibilidade de participação da Profa. Anaci Bispo Paim, que se encontrava fora do Estado. A Acadêmica Yara Maria Cunha Pires atuou como Coordenadora dos trabalhos. Também ficou impossibilidado de participar, por problemas de saúde, o Professor Nildon Pitombo, que atuaria como expositor na discussão dos desdobramentos do PNE no âmbito dos estados e municípios, ele que assume a Coordenação da CODES/SEC.

O Professor Fernando Alcoforado iniciou sua explanação mostrando como elaborar um Plano Nacional de Educação Consistente, descrevendo os passos e as estratégias, e em seguida direcionou sua apresentação para as 20 metas estabelecidas no novo Plano Nacional de Educação, avaliando cada uma delas. Em sua avaliação, fica evidenciada a fragilidade do PNE que, a seu ver, é decorrente de ter sido elaborado sem um referencial maior que seria a existência de um Plano Nacional de Desenvolvimento que o Brasil não possui. Assim, as metas foram estabelecidas sem a produção de um diagnóstico consistente da situação atual do país, em suas diversas regiões. Em cada meta onde o governo define um percentual mínimo a ser alcançado em determinado prazo, ele questionava o por que não se estabelecer a meta de 100%, ficando sempre buscando alcançar o mínimo. Também destacou a necessidade de universalização da educação com o sistema de educação à distância, considerando um dos grandes desafios da educação brasileira neste momento. Disse que a EAD é uma importante ferramenta de ampliação do acesso dos brasileiros à educação, especialmente em estados e municípios com maior dificuldade de mobilidade para os estudantes, lamentando o fato de que o PNE não prevê o uso da Educação á Distância para universalizar o ensino no país. Apresentou também um gráfico contendo a evolução do orçamento geral da união onde se verifica que 43,98% dos recursos são destinados ao pagamento de juros e amortizações da divida, restando fatias muito insignificantes para as ações que deveriam ser prioridade como a educação, que obtém apenas 3,34% . Citou algumas estratégias que considera essencial para que o governo possa dispor de recursos para investimentos em infra-estrutura econômica e social, destacando dois pontos principais: renegociar com os bancos nacionais e estrangeiros e reduzir os gastos públicos. Não concorda com o critério de se estabelecer o percentual para investimentos na educação pública tomando como parâmetro o PIB (Produto Interno Bruto) porque quando acontece uma queda do PIB a educação fica ainda mais prejudicada. A seu ver, o melhor caminho seria a implementação do chamado Custo Aluno Qualidade inicial, que define o gasto real mínimo para manter um aluno matriculado no ensino público a partir dos insumos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem. E conclui: "para avançar, teremos que ver quanto custa uma educação de qualidade em reais, não em percentual." Encerrou sua fala com as palavras de Malala, a jovem paquistanesa co-vencedora do prêmio Nobel da Paz, em defesa do direito à educação: "Uma criança, um professor, um livro e um lápis podem mudar o mundo".

A seguir, aconteceu a exposição da Profa. Amali Mussi, Coordenadora do Colegiado de Pedagogia da Universidade Estadual de Feira de Santana, que analisou as implicações das formulações do PNE na formação dos professores.
Iniciou sua fala referendando o que disse o Professor Alcoforado quando enfatiza que a falta de planejamento é o principal motivo para que os projetos e ações não sejam bem sucedidos. Disse que quando o PNE busca a universalização do acesso ele não está priorizando a qualidade e acentuou: é imperativo que o gestor enfrente os dados reais da educação, principalmente no que se refere à qualificação do professor para que se obtenha resultados satisfatórios no processo ensino-aprendizagem. Refletiu o alto índice da evasão escolar, a dificuldade no aprendizado, observando que menos de 5% das crianças da 4ª. série estão plenamente alfabetizadas e abordou vários outros aspectos, deixando a indagação: "E o professor, o gestor, o profissional do ensino... que reflexos esse contexto traz à nossa profissão?" Voltando o olhar para as Licenciaturas, apresentou dados que mostram um cenário cada vez mais decrescente, seja no interesse pelos cursos, cujos dados de ingresso estão sendo reduzidos a cada ano, sem falar no baixo índice de alunos concluintes e indaga: Que perspectivas/implicações o novo PNE apresenta para a Formação de Professores? Passou a analisar algumas metas previstas, dentre elas a que visa "formar, em até dez anos, 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação, e garantir que 100% dos professores tenham curso de formação continuada". Passou a elencar uma série de pontos essenciais para que a formação do professor seja plenamente alcançada, tais como: a curricularização da extensão, os cursos HIBRIDOS, a necessidade urgente de Projeto Político Pedagógico Explícito, assim como a necessidade de colocar o estágio como articulador desse processo formativo. Observou que os Cursos de Licenciatura são os que recebem menos incentivo seja a nível de recursos financeiros ou a nível de tecnologia ou até mesmo em termos de inovações educacionais. Enfatizou ainda a questão da meritocracia como forma de incentivar alunos e professores, citando exemplo de municípios que conseguiram obter uma nova realidade através desse processo, elevando os índices de aprendizagem. Apresentou também exemplos de estados que adotaram o sistema de avaliação do desempenho docente e concluiu sua apresentação com esta afirmativa: "Não acho que o professor tem de ser bom por obrigação. Com uma boa equipe, pode trabalhar para ter maior sucesso, para a escola se sair bem, mas acho que essa forma de trabalho com bônus faz parte de uma tendência de 'desresponsabilizar' a escola e o governo daquilo que é uma necessidade atual - ter professores mais bem qualificados"(F.C).

Concluidas as apresentações, alguns participantes apresentaram questionamentos e reflexões sobre o tema, encerrando o Seminário com o sorteio de vários brindes e a declamação de uma poesia sobre o Professor, pela Profa. Neuza, da Academia de Letras e Artes.

O Seminário foi considerado proveitoso. A Academia de Educação, pelo sétimo ano consecutivo, convida os professores para refletir temas de extrema importância no cenário educacional, além de ser uma oportunidade para homenageá-los no dia a eles dedicado
.


Clique aqui e veja algumas imagens...





  ACADEMIA DE EDUCAÇÃO DE FEIRA DE SANTANA - Direitos Reservados © 2015
Rua Itacarambi, s/nº - Muchila I - 44080-360 - Feira de Santana, Bahia
E-mail: contato@academiadeeducacao.org.br