Edith
Machado Boaventura nasceu em 2 de julho de 1909, na fazenda
"A Brava", na localidade de Gameleira, hoje, distrito
Governador João Durval Carneiro, município
de Feira de Santana. Filha primogênita do casal Amélia
Barreiros Machado e João Sampaio Machado, foi criada
na fazenda com os seus três irmãos, Tito, Isaac
e Luís. Criança ainda, veio para um internato,
na sede do município, e freqüentou a escola
de dona Estefânia Mendo, onde aprendeu as primeiras
letras.
Como a instalação da Escola Normal só
viria mais tarde, em 1926, a jovem Edith seguiu para Salvador
para estudar no Educandário dos Perdões, realizando
o curso normal e tendo a oportunidade de conhecer e viver
na capital do Estado. Falava muito bem do colégio,
como um dos períodos bons de sua vida e recordava-se
com freqüência das colegas. Ainda estudava em
Salvador, quando viu com alegria abrir-se a Escola Normal
de Feira de Santana. Em 1929, concluído o curso de
magistério, Edith retornou a sua terra natal. Ensinou
no distrito de Bonfim de Feira, alguns anos antes do casamento
e, também, em Feira de Santana com a sua tia, professora
Alice Barreiros.
Casou-se em 1932, ano de forte seca, com Osvaldo Abreu Boaventura,
igualmente de conhecida família feirense que, na
época, tinha certa influência política.
O seu sogro, o farmacêutico José Alves Boaventura,
pioneiro da indústria do óleo de mamona e
de curtume, foi várias vezes conselheiro municipal,
presidente da Câmara e Prefeito interino. Pelo lado
Abreu, os vínculos políticos eram bem mais
fortes. O tio-avô de seu marido, Abdon José
de Abreu, fora intendente municipal.
Edith era de temperamento manso e, sempre solícita
e comunicativa, não media esforços para servir
ao seu próximo. Tinha uma maneira especial, amiga
de tratar as pessoas mais simples. Num envolvimento com
a sua comunidade, a professora Edith participou, também,
de obras religiosas e sociais como Associação
de Senhoras de Caridade, Asilo Nossa Senhora de Lourdes,
Conselho do Movimento das Bandeirantes em Feira de Santana,
entre outros.
De espírito religioso marcante, tinha muita fé
em Deus e uma especial devoção a Nossa Senhora
da Vitória e às Almas. Quando morou, na Praça
da Catedral, número 19, freqüentava assiduamente
a Igreja. O terço diário, o ofício
aos sábados e o uso do incenso, além dos seus
inseparáveis livros de oração, eram
práticas correntes. A família Boaventura também
morou, por algum tempo, na Praça da República.
Mas a maior parte da vida, Edith viveu na chácara,
próxima ao estabelecimento de negócios do
seu marido, curtume e depois serraria, na Estrada das Boiadas,
em área vizinha ao bairro da Kalilândia.
Edith gostava imensamente de ler, de cultivar amizades e
de viajar. Toda viagem a deixava feliz, mesmo as pequenas
aos distritos de Feira de Santana. Realizou duas longas
viagens: à Europa por mais de seis meses e aos Estados
Unidos onde ficou por quase um ano sempre na companhia dos
filhos. Conheceu a Terra Santa, vários países
e realizou muitas outras excursões internas.
A sua formação em uma boa escola normal, leituras
e viagens muito a ajudaram com o marido na educação
dos filhos Edivaldo, Carlos José, Osvaldith e João
Eduardo. Na maturidade, a professora Edith mudou-se para
Salvador, ficando mais perto dos filhos residentes na capital,
mas sempre ia a Feira rever família e os muitos amigos..
Cercada do carinho dos filhos, netos e amigos, faleceu em
7 de dezembro de 1985, às 9:30h, no Hospital Português,
em Salvador e, conforme o seu desejo, foi sepultada, no
Cemitério da Piedade, em Feira de Santana, após
solene missa de corpo presente, celebrada pelo monsenhor
Galvão na Catedral de Nossa Senhora Santana.
Pouco depois do seu falecimento, ainda no ano de 1985, por
decisão do governador João Durval Carneiro
e de sua mulher Yeda Barradas Carneiro, foi inaugurada a
Escola Edith Machado Boaventura nome indicado por seus amigos
e conterrâneos. Na época, era secretário
de Educação e Cultura da Bahia o filho da
homenageada, Edivaldo Boaventura.
Dar a uma escola o nome dessa educadora é registrar
para os pósteros a história de vida de uma
mulher que, na sua simplicidade, soube ser grande, como
mestra, mãe, esposa, amiga, enfim, como ser humano
que se preocupava com o próximo, mas soube viver
plenamente a sua vida.
É este ato também uma homenagem a um exemplo
de dignidade moral e social, cujo lema - querendo sempre
crescer - pode soar como um paradigma para os que estudam
e trabalham na Escola Edith Machado Boaventura.