Edith
Mendes da Gama e Abreu, nasce a 13 de outubro de 1903, natural
de Feira de Santana, Bahia. Filha do casal João Mendes
da Costa e Maria Augusta Falcão Mendes da Costa.
Edith tinha um irmão João Mendes da Costa
Filho, falecido em 1971, e uma irmã Judith Mendes
da Costa, companheira inseparável que lhe sobreviveu.
Sobre
sua infância e adolescência sabe-se apenas que
estudou com preceptores em sua própria casa, como
era o costume daquela época entre as famílias
abastadas. Estudou no Colégio Nossa Senhora de Lourdes,
e na Escola Complementar da prof.a. Estefânia Mena
em sua cidade natal. Em Salvador, cursa o pedagógico
no Educandário dos Perdões, atual Educandário
Sagrado Coração de Jesus. Especializou-se
no Rio de Janeiro, na Bahia e na Europa, em filosofia, literatura
geral, brasileira e francesa, ciências sociais e canto.
Contrai núpcias com Jaime Cunha da Gama e Abreu.
O casal não teve descendentes, e ele faleceu em 1974.
Edith
Mendes era uma mulher que primava incansavelmente pelo aperfeiçoamento
da educação. A cultura estava acima de qualquer
outro objetivo. Era extremamente culta, tocava piano, cantava
e falava fluentemente o francês. Viajava constantemente
para o exterior, conheceu diversos países da Europa,
onde fazia turismo cultural visitando as catedrais, museus,
castelos, teatros, universidades, etc. Era uma dedicada
representante das mulheres de sua classe social e época.
Como feminista, trabalhou intensamente em prol da emancipação
da mulher e foi das que mais atuou na luta pelo sufrágio
feminino no estado da Bahia. Foi presidente vitalícia
do Órgão que dirigiu a luta sufragista das
mulheres na Bahia, a Federação Baiana pelo
Progresso Feminino, fundado a 9 de abril de 1931. Integrou-se
e se entregou à causa feminista, ao lado de Bertha
Lutz, tendo ilustrado sua atuação a luta contra
as restrições ao voto feminino no anteprojeto
do Código eleitoral, e contra o projeto de lei que
vinculava o cargo público à mulher que tivesse,
como o homem, a indispensável carteira de reservista.
Na carreira
política foi candidata a deputada federal, em 1934,
sob a legenda "A Bahia ainda é a Bahia",
obtendo mais de dez mil votos, ficando, entretanto, como
suplente. Em 1946, como candidata a deputada estadual, lutou
pela solução de problemas da saúde
pública, da educação popular, da fome,
bem como dos incentivos ao trabalhador, conforme plataforma
sob o título "conterrâneos".
Edith
foi a mulher que ocupou o posto mais elevado no Instituto
Geográfico e Histórico da Bahia, onde foi
vice-presidente e oradora oficial, entre outras atribuições.
Esteve na Presidência durante 9 meses de 31/03 a 31/12/1969,
completando o mandato do seu antecessor o prof. Francisco
Peixoto de Magalhães Neto, por ser a 1ª vice-presidente.
A intensa
e produtiva atuação de Edith Mendes da Gama
e Abreu nos âmbitos literário e político,
levam-na a candidatar-se, a uma cadeira na Academia de Letras
da Bahia. A acadêmica consegue sair-se vitoriosa derrotando
seu concorrente Eduardo Tourinho. Recebida pelo acadêmico
Carlos Ribeiro, toma posse na cadeira n. 37, em 9 de novembro
de 1938, tornando-se a primeira mulher baiana a inserir
seu nome entre os "imortais", permanecendo naquela
instituição até janeiro de 1982, ano
de sua morte.
Edith
escolheu a carreira profissional que mais se aproximou da
atividade cultural - a educação. Exerceu durante
muito tempo, e nela se aposentou, a função
de Inspetora do Ensino Secundário do Ministério
de Educação e Cultura, junto a diversos ginásios
da capital. Foi como professora catedrática e fundadora
da Faculdade de Filosofia da Bahia que ocupou sua posição
mais significativa na carreira docente. Naquela instituição
ocupou a cadeira de Didática Geral e Especial.
Edith
faleceu no dia 20 de janeiro de 1982, às 11:30 em
sua residência na Vitória.