Para
se falar da Profa. HELENA DE ASSIS SUZARTE, vale à
pena lembrar, em riqueza e verdade, da poesia grega de Eurípedes:
"FELIZES OS QUE SE MOVEM COM ESPÍRITO SERENO
E LIVRE E O SEMBLANTE LUMINOSO E MACIO."
Assim
a professora Helena se fez feliz, mesmo não sendo
filha de Feira de Santana, foi filha predileta de Sant"Ana,
em Feira. Nossa cidade recebeu de Monte Alegre, hoje Mairi,
sua terra natal, essa preciosa jóia de raro valor,
uma delicada pérola...
Helena
de Sena Assis nasceu a 22 de maio de 1912, filha de Coronel
Arthur de Assis, fazendeiro, comerciante, e de Dona Maria
de Senna Assis, e, pelo casamento com o Prof. Edgard Erudilho
Suzarte, em 11 de setembro de 1977, passou a se chamar,
Helena de Assis Suzart.
Veio
a residir em Feira desde tenra infância e cursou os
primeiros estudos no Grupo Escolar J. J. Seabra com destacado
esmero.
Atendendo o seu pendor pela Educação, diplomou-se
em professora pela Escola Normal de Feira de Santana, em
1930, sendo laureada como melhor aluna e eleita oradora
da turma, prenunciando, desde então, seu brilhante
dom na oratória.
Dedicadíssima ao estudo da Língua Portuguesa,
ingressou no Magistério logo a seguir.
Em 1931, iniciou sua vida docente nos Municípios
de Mundo Novo, depois em Castro Alves (1932), na Fazenda
Estreito e em Santo Antônio (1934).
Numa trajetória de grandes esforços, notadamente,
de ordem física e intelectual, teve sua saúde
abalada, sem, contudo, jamais perder o entusiasmo e comprometimento
com a missão de ensinar.
Transferida
para Feira de Santana, ainda na década de 30, começou
a dar aulas no Distrito de São José das Itapororocas,
depois no Bairro Pedra do Descanso.A seguir, tomou posse
na Escola de Aplicação Anexa à Escola
Normal de Feira de Santana.
Em
1953, Profa. Helena Assis foi brilhantemente vitoriosa no
Concurso de Cátedra e passa a assumir a cadeira de
Língua Portuguesa na Escola Normal, onde se imortalizou
pelo trato com a língua, pela competência gramatical
e pela dedicação aos seus alunos e que até
hoje é um ícone da juventude do passado.
Denominada
por seus tantos alunos como "missionária do
ensino", a Profa. Helena destacou-se numa prodigiosa
semeadura da sua docência, ministrando aulas também
de Psicologia, Pedagogia, Matemática, Estatística
e até de Francês, sempre referendada no seu
desempenho dedicado.
Fluente
e cativante pela mansidão de temperamento e de linguagem
e pela competência docente, conquistava alunos, colegas,
diretores e encantava a todos por sua grandeza de caráter,
de humildade, tanto na firmeza da fala quanto na docilidade
do silêncio.
Exímia
na Educação, como analista, pesquisadora,
e, especialmente, investigadora das nuances da Língua
Portuguesa, manifestava, tal como Clarice Lispector, seu
amor pela nossa língua, propagando-a, divulgando-a,
fora e dentro de sua sala de aula, promovendo em seus alunos
o envolvimento pelo bom conteúdo e pela depurada
forma do uso lingüístico.
Magnífica
na arte de ensinar e, mais, de educar, com sua mansidão,
estimulava o aluno a crescer, a comprometer-se a ser mais,
a acreditar-se capaz. Assim como explica uma das suas alunas,
Elza Santos Silva: "COM QUE SUTILEZA HELENA ME FAMILIARIZADA
COM A GRAMÁTICA, COM A LÍNGUA PORTUGUESA,COM
O MUNDO"...
Exerceu
a função de Vice-diretora da Escola Normal,
chegando ao cargo de Diretora do Colégio Estadual,
tendo tomado posse, no dia 13 de maio de 1956. Dirigiu também
o Instituto de Educação Gastão Guimarães,
por muitos anos.
No santuário de sua alma, manteve fidelidade ao culto
de todas as obrigações assumidas com sua natural
visão de honradez, devotamento, humildade.
Professora Helena Assis era refratária às
homenagens e honrarias que lhe destinavam, esquivando-se,
delicadamente, de todas elas.
O Governo do Estado lhe concedeu a Medalha de Barão
de Macaúbas em gratidão aos serviços
prestados à Educação, assim como o
governo municipal e muitas instituições educacionais
lhe destinaram títulos, comendas, diplomas honoríferos
e outras justas condecorações das quais jamais
se enalteceu, permanecendo no servir discreto e desvelado
à causa da Educação, com notoriedade,
no ensino da Língua Portuguesa.
Reconhecida no seu talento, foi a primeira mulher, em Feira
de Santana, indicada a concorrer a cargo eletivo no município,
sendo persuadida por inúmeros amigos e ex-alunos
que argumentavam o quanto o Legislativo Municipal prescindia
da notoriedade intelectual, moral e social que marcava sua
prática de vida.
Candidatou-se
a vereadora, no ano de 1950, pelo antigo partido da UDN,
acatando sem grande entusiasmo e nenhum envolvimento com
a campanha que a elegeria, mantendo seu propósito
de fazer da política pela boa Educação
seu único interesse.
Dessa forma, não chegou a ser eleita, permanecendo
em seu mandato de eterna mestra, "propagadora do Saber
e do Bem" como a descreve com desvelada propriedade
seu sobrinho, Luiz Fernando da Silva Assis, Membro Suplente
do Instituto Histórico Geográfico de Feira
de Santana.
Nessa sua dedicada trajetória de fazer educação
para o "bem",conseguia incluir na sua agenda docente
o atendimento a alunos de todos os níveis sociais,
preparando-os, de forma diferenciada, extra-classe, para
os concursos vestibulares e para tantos outros concursos,
inclusive de magistraturas.Tornou-se, assim, bastante procurada
como professora do nominado "Curso de Português",
oferecendo também aos muitos advogados, professores,
engenheiros, médicos e outros graduados, a oportunidade
de lidar com a Língua portuguesa, vencendo os desafios
de uso oral e, principalmente, os da leitura e escrita.
Além dessa prática de ensino, ainda achava
tempo para dedicar-se a revisões de discursos, palestras,
peças literárias e textos diversos de muitas
personalidades políticas e intelectuais. Uma verdadeira
peregrina da arte de ensinar.
A Câmara Municipal prestou-lhe honrosa homenagem póstuma
, com saudação do Poder Legislativo pelo edil
Antônio Carlos Coelho e, em nome da família,
pelo sobrinho, prof. Luiz Assis.
Faleceu profa. Helena em 11 de setembro de 1997. Homenagens
de pesar lhe foram feitas pela imprensa falada e escrita
e, mais expressivamente, pelos tantos e tantos alunos e
amigos, suavemente cultivados ao longo de sua vida de serviços.Todos
compadecidos com a separação, mas perpetuando
suas marcas, na memória do coração.
Recentemente, ainda mereceu destaque de homenagens, em setembro
de 2002 e a seguir, de 2007, ao completar cinco e dez anos
do seu falecimento, sendo notícia memorável
nos jornais locais, em especial, no Jornal Feira Noite e
Dia.
Acresça-se aos mais significativos reconhecimentos
a celebração de sua imortalidade na Academia
de Educação de Feira de Santana.