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CADEIRA NÚMERO 2
PATRONO
ANÍSIO SPÍNOLA TEIXEIRA
(1900 - 1971)
Anísio
Spínola Teixeira nasceu em Caetité (BA), em
12 de julho de 1900, numa família de fazendeiros. Seu
pai, médico, chefe político do município
de Caetité , casara-se com três irmãs,
sucessivamente, sendo sua mãe a terceira delas. A família
Spínola, secular na região, tinha já
vários expoentes na vida social e política nacional
- a exemplo de Aristides Spínola e Joaquim Spínola,
que foi presidente do Tribunal de Justiça da Bahia,
e fundador da Revista dos Tribunais.
Formação e início da vida pública
Em sua cidade natal iniciou os estudos no Colégio São
Luís Gonzaga, de jesuítas, continuando depois
sua formação basilar em Salvador, em 1914, no
Colégio Antonio Vieira, também desta Ordem Religiosa.
Sob
a influência desta instituição, cogitou
tornar-se um jesuíta - sonho veementemente combatido
por seu pai, que projetara uma carreira política
para o filho.
Ainda
aos dezessete anos teve sua inteligência reconhecida
por Teodoro Sampaio, que o convida para proferir uma palestra
no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
Formando-se
em 1922 na então Faculdade de Direito da Universidade
do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), dois anos
depois foi nomeado pelo Governador Góes Calmon Inspetor
Geral de Ensino da Bahia - cargo equivalente hoje ao de
Secretário da Educação.
O educador na Bahia
A fim de melhor desempenhar esta função viaja,
em 1925, para a Europa, onde observa o sistema educacional
de diversos países - implementando em seguida várias
reformas no ensino do estado.
Anísio consegue ampliar o sistema educacional, privilegiando
a formação de professores. Em sua terra natal,
Caetité, reinaugura a Escola Normal, fechada em 1901
por Severino Vieira.
Em 1927 vai aos Estados Unidos, onde trava conhecimento
com as idéias do filósofo e pedagogo John
Dewey, que muito vão influenciar seu pensamento.
No ano seguinte demite-se do cargo pelo fato do novo governador
não concordar com suas idéias sobre mudanças
no ensino.
Volta aos Estados Unidos (1928), onde faz pós-graduação.
De volta ao Brasil traduz, pela primeira vez em português,
dois trabalhos de Dewey.
Muda-se para o Rio de Janeiro, ocupando a Diretoria da Instrução
Pública do Distrito Federal, em 1931, em cujo mandato
institui a integração da "Rede Municipal
de Educação", do fundamental à
universidade. Diversas melhorias e mudanças foram
feitas, mas a que maior polêmica gerou foi a criação
da Universidade do Distrito Federal, em 1935.
Em 1932 participa do Manifesto dos Pioneiros da Educação
Nova, tendo publicado neste período duas obras sobre
educação que, junto a suas realizações,
deram-lhe projeção nacional.
Política, realização e perseguição
Durante a última fase do Estado Novo, Anísio
afasta-se da vida pública. Dedica-se, então,
à mineração - atividade de alguns parentes.
Aproxima-se mais do amigo Monteiro Lobato e publica Educação
para a Democracia, além de realizar diversas traduções.
Na década de 1940 foi Conselheiro da UNESCO (Organização
das Nações Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura).
Voltando o país ao regime democrático, em
1946, Anísio é convidado por Octávio
Mangabeira - socialista, fundador da UDN, também
exilado e então eleito para o Governo da Bahia -
para ser o Secretário de Educação e
Saúde. Dentre outras realizações, constrói
na Liberdade - o mais populoso e pobre bairro da capital
baiana - o "Centro Educacional Carneiro Ribeiro",
mais conhecido por Escola Parque, lugar para educação
em tempo integral e que serviria de modelo para os futuros
CIACs e CIEPs.
Nos anos 50, dirigiu o Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos.
Foi um dos idealizadores do projeto da Universidade de Brasília
(UnB), inaugurada em 1961, da qual veio a ser reitor em
1963, para ser afastado após o golpe militar de 1964.
Uma morte misteriosa
Diversas circunstâncias obscuras cercam a morte de
Anísio Teixeira. Dois meses antes da sua, ele escreveu:
"Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos
chega sempre como algo de imprevisto e terrível,
talvez devido seu carater definitivo: a vida é permanente
transição, interrompida por estes sobressaltos
bruscos de morte". (numa carta a Fernando de Azevedo)
Por intercessão do amigo Hermes Lima, Anísio
candidata-se a uma vaga da Academia. Inicia, assim, a série
de visitas protocolares aos Imortais.
Depois da última visita, ao lexicógrafo Aurélio
Buarque de Holanda Ferreira, Anísio desaparece. Preocupada,
sua família investiga o paradeiro, sendo informada
pelos militares de que ele se encontrava detido.
Uma longa procura por informações tem início
- repetindo um drama vivido por centenas de famílias
brasileiras durante aditadura militar. Mas, ao contrário
das desencontradas informações e pistas falsas,
seu corpo é finalmente encontrado.
Anísio estava no fosso do elevador do prédio
do imortal Aurélio, na Praia de Botafogo, no Rio.
Dois dias haviam se passado de seu desaparecimento. Não
havia sinais de queda, nem hematomas que a comprovassem.
A versão oficial foi de "acidente".
Calava-se, para um Brasil mergulhado em sombras, uma voz
em defesa da educação - portador da "subversiva"
idéia de um país melhor. Era o dia 14 de março
de 1971.
O legado
· De
sua obra em Salvador, destaca-se o Centro Educacional Carneiro
Ribeiro (melhor conhecido por Escola Parque), situado no
populoso e pobre bairro da Liberdade, de 1950, no qual buscou
inspiração Darcy Ribeiro para, na década
de 1980, criar os CIEPs. Na década de 1990 foi a
vez do Governo Federal criar os CIACs e, no início
do século XXI, na Bahia, os Colégios Modelo
- todos fundamentados na sua ainda atual visão da
educação integral.
· Em
Caetité, na sua casa natal, mantém a Fundação
Anísio Teixeira, presidida por sua filha Anna Cristina
Teixeira Monteiro de Barros ("Babi"), com apoio
governamental (Estado e Município) e da iniciativa
privada, a Casa Anísio Teixeira', com biblioteca,
museu, cine-teatro e biblioteca móvel. A instituição
leva conhecimento e mantém viva a memória
do grande educador brasileiro, sendo objeto de muitas reportagens
em todas as mídias.
· No
Rio de Janeiro existe o Centro Educacional Anísio
Teixeira, escola privada de ensino fundamental e ensino
médio, com proposta pedagógica segundo as
idéias do educador.
· Também
fundou o colégio Anísio Teixeira em Eunápolis,
na Bahia.
Bibliografia
Dentre as sua obras, destacam-se:
· Aspectos
americanos de educação. Salvador. Tip. De
São Francisco, 1928, 166 p.
· A
educação e a crise brasileira. São
Paulo: Cia. Editora Nacional, 1956, 355 p.
· Educação
é um direito. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ,
1996, 221 p.
· Educação
e o mundo moderno. 2* ed. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1977, 245 p.
· Educação
e universidade. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1998, 187
p.
· Educação
no Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional 1969,
385 p.
· Educação
não é privilégio. 5a. ed. Rio de Janeiro.-
Editora UFRJ, 1994, 250 p.
· Educação
para a democracia: introdução à administração
educacional. 2a. ed. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997,
263 p.
· Educação
progressiva: uma introdução à filosofia
da educação. 2a. ed. São Paulo: Cia.
Editora Nacional, 1934, 210 p.
· Em
marcha para a democracia: à margem dos Estados Unidos.
Rio de Janeiro: Editora Guanabara, s.d., 195 p.
· Ensino
superior no Brasil: análise e interpretação
de sua evolução até 1969. Rio de Janeiro:
Editora da Fundação Getúlio Vargas,
1989, 186 p.
· Pequena
introdução à filosofia da educação:
a escola progressiva ou a transformação da
escola. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1968, 150
p.
· TEIXEIRA,
Anísio e ROCHA E SILVA, Maurício. Diálogo
sobre a lógica do conhecimento. São Paulo:
Edart Editora, 116 p.
Homenagens
Depois de muito tempo relegado ao esquecimento, com o fim
da ditadura militar, a memória de Anísio Teixeira
foi, aos poucos, sendo resgatada. Sem dúvida, o maior
passo neste processo, deu-se com o lançamento, em
1 de outubro de 1993, da cédula de mil cruzeiros
reais, lembrando o grande educador, que ficou em vigor até
julho de 1994, quando foi substituída pelo Real.
O ano de seu centenário de nascimento, 2000, foi
marcado por diversas homenagens. Muitas entidades educacionais
ou, mais especificamente, pedagógicas, realizaram
eventos em comemoração.
O dia 12 de julho é, em sua memória, feriado
municipal na sua Caetité natal.
Sob auspícios da Rede Bandeirantes, um documentário
foi feito em 1999, contando a vida do educador.
Inúmeras instituições de ensino no
país levam seu nome, em especial o Instituto de Educação
Anísio Teixeira, na sua terra natal.
A cadeira número 3 da Academia Caetiteense de Letras,
em sua cidade natal, traz como patrono o grande educador.
Hoje temos no Rio de Janeiro um grande pesquisador e admirador
de Anísio Teixeira, que é o ilustre prof.
Francisco Lobo Neto da UFF ( Universidade Federal Fluminense
), cuja extensa biografia e memória de Anísio
é um marco.
Pensamento de Anísio
"Sou contra a educação como processo
exclusivo de formação de uma elite, mantendo
a grande maioria da população em estado de
analfabetismo e ignorância.
Revolta-me saber que dos cinco milhões que estão
na escola, apenas 450.000 conseguem chegar a 4 ª. série,
todos os demais ficando frustrados mentalmente e incapacitados
para se integrarem em uma civilização industrial
e alcançarem um padrão de vida de simples
decência humana.
Choca-me ver o desbarato dos recursos públicos para
educação, dispensados em subvenções
de toda natureza a atividades educacionais, sem nexo nem
ordem, puramente paternalistas ou francamente eleitoreiras".
Anísio Teixeira.
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